"It is time!", por Bruce Buffer
Inesperadamente, um livro divertido. Digo inesperadamente porque falo de um livro que eu jamais compraria e, se comprasse, não leria. Mas foi presente de filho - então, mofou alguns anos na estante até que, determinado dia, puxei o dito cujo. Me sentia afetivamente devedor da leitura do brilhoso calhamaço. E, como para o momento em questão eu procurava mesmo alguma leitura besta para dias física e emocionalmente difíceis, este me pareceu adequado. E, confesso, não decepcionou, sequer no que diz respeito às piores partes: são fracas mesmo. É aquele textozinho padrão fast food das celebridades americanas. O autor diz o quanto ele é foda, o quanto ele ganhou dinheiro, o quanto ele é honesto, o quanto ele é amigo etc etc. Mas todo este megacombo maçante pode ser relevado diante de um pressuposto simples: você, que vai ler, acompanha a porradaria do UFC? (a propósito, dentro de algumas horas rola em Las Vegas o lutaço Israel Adesanya vs Yoel Romero, com a chinesa Zhang Weili e a polonesa Joanna Jedrzejczyk no co-main event, ambas valendo o cinturão.) Se sim, o livro será uma leitura 50% interessante (porque em metade do tempo ele se vangloria de assuntos relativos ao UFC, e na outra metade ele se vangloria de outras coisas). Mas, se você não é ligado no UFC, nem cogite - o cartapácio de self-marketing do Bruce não tem nada além disso a oferecer. Bruce Buffer é "a voz do octógono", o apresentador dos mais importantes eventos de MMA do planeta, dono dos bordões "It's time" (no título está sem a contração, porque o apóstrofo na headline desconfigura a interface do blog) e "this is the moment you've all been waiting for". Ele conta da sua juventude marcada pela prática das artes marciais, do milionário sucesso profissional e das garotas que conquista invariavelmente toda noite, solteirão inveterado que é. Ele diz também como é um ótimo filho e um ótimo irmão; e como sustentou os pais e fez da carreira do irmão um sucesso. Ah, fala também como ele é uma fera internacional no pôquer, do quanto é famoso entre os famosos, como tem amigos artistas e como é parceiro íntimo dos lutadores; e, de lambuja, conta de quando ele trocou socos com o lutador do UFC Frank Trigg, dentro de um elevador, na presença do Dana White. O livro também traz umas dicas irreverentes de auto-ajuda, além de muitas outras, apenas imbecis. Resumindo, é a biografia de um coadjuvante de luxo se gabando de que é uma estrela. Na melhor das hipóteses, é uma leitura para quem não tem o que fazer e está em um ambiente de pouca luz (as letras grandes são uma mão na roda). Com uma capa laminada, envernizada e egocêntrica, um subtítulo idiota e páginas grossas como uma folha de compensado, a edição parece um produto de marketing, financiado pelo próprio autor, e vendido pela metade do custo de produção. Fora isso, me diverti.
Companhia Editora Nacional (não disse?), 279 páginas
P.S.: A foto do post é uma gaiatice num cercadinho. Taí só porque lembra um octógono. Como criticar o ricaço Bruce, se eu, pobrinho, também cometo as minhas presepadas?
Só não foi profético o adjetivo da luta do Romero x adesayana.... booooooring... rsrsrsr
ResponderExcluirHehe põe boring nisso, Thomaz! Mas, em compensação, a luta das meninas Zhang e Joanna foi uma das maiores do MMA feminino em todos os tempos. Se o Dana soubesse, tinha invertido a ordem do card...
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