"Futebol e Guerra", por Andy Dougan
“Se a versão é melhor do que o fato, publique-se a versão.” Este velho clichê do mau jornalismo é apropriado para o resgate que Dougan faz da lenda do Dínamo de Kiev – um time formado por prisioneiros de guerra ucranianos que, em um confronto com um selecionado militar alemão, se recusa a permitir a derrota, vence e após o jogo é fuzilado. Bem, como você provavelmente já ouviu, esse é o mito repercutido pela história oficial nos sessenta anos após a guerra e que, com pequenas adaptações aqui e acolá, ganhou o mundo – tendo sido, talvez, inspiração para o filme “Fuga para a vitória”, na década de 70, dirigido pelo craque John Houston e estrelado por Michael Caine, Sylvester Stallone e Pelé, entre outros (o filme, convém alertar, é horroroso). Mas não foi bem assim que se deu a história, como constatamos no livro – que, após um início truncado, ganha fôlego de reportagem e expõe a tragédia da ocupação nazista, com reflexos em todos os ambientes do cotidiano, o que não exclui o futebolístico. A sina de um povo sistematicamente invadido - ora por russos, ora por alemães, ora por poloneses – dá um tom mais rico à obra. A paixão pelo futebol em tempos tão remotos e em uma situação tão pouco confortável é outro atrativo. Sobre o jogo e sobre a lenda, é fato que um time ucraniano enfrentou um time alemão, na Kiev ocupada. Mas quer saber realmente como tudo se passou?
Jorge Zahar Editor, 202 pgs
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