"Karl Marx", por Gareth Stedman Jones
"Grandeza e ilusão" é o subtítulo da biografia de Karl Marx escrita pelo acadêmico e historiador inglês Gareth Stedman Jones. Professor da Universidade de Cambridge e da Universidade Queen Mary, em Londres, Jones é especialista em marxismo e na história da classe trabalhadora. É dele o relançamento do "Manifesto comunista", de Marx e Engels, em 2002. Sua biografia de Marx chegou cercada de expectativa. Instigante, captura o biografado em constante mudança - de país, de humores, de parceiros, de desafetos, de ideias. Já na capa o subtítulo é provocador. Porque, ao longo das suas mais de 700 páginas, "grandeza e ilusão" se alternam e se confundem. Não à toa. Jones revela um pensador impetuoso e polemista. Vaidoso e cioso das aparências, que perseguiu por toda vida status material e protagonismo político. Estudioso e questionador, entrou em conflito com o cerne das suas próprias opiniões: em seus últimos anos de vida, não só Marx discordava do
marxismo emergente em uma terra muito distante - a Rússia -, como ele próprio se afastava da sua proposição econômica original. Formulador inquieto, escritor simultaneamente compulsivo e errático (passava semanas escrevendo ininterruptamente, depois passava meses protelando suas tarefas), não havia conseguido resolver questões basilares da sua proposição teórica - tanto, que "O capital" era o primeiro volume de uma trilogia que nunca chegou a concluir. Marx se esquivou de dar continuidade à sua tese porque o cenário no qual tinha se apoiado para desenvolvê-la (boa parte dele originário do arcabouço sócio-político de 1830-1840) já não existia mais. Se poucos descreveram melhor as relações trabalhistas na Inglaterra de meados do século XIX, ainda assim sua obra não refletiu a ascensão do sindicalismo, já uma força determinante no mundo em que "O capital" foi lançado. Sua concepção da auto-extinção do capitalismo se apoiava em premissas que haviam precocemente se revelado falhas; não obstante, seu amor pela ideia de uma sociedade igualitária permaneceu. Conceitos que ele refutara no início de sua carreira, por ultrapassados - as antigas aldeias comunais teutônicas -, voltaram a ser o objeto dos seus estudos. O
mark alemão e o
mir russo, formatos assentados na propriedade coletiva da terra, foram surpreendentemente revividos por ele, nas correspondências que trocou nos seus últimos cinco anos de vida. Marx morreu procurando um novo caminho que explicasse a história econômica da civilização ocidental. A sua já não lhe servia, por insuficiente. Ironia do destino, não podia imaginar que sua concepção abandonada se tornaria mítica e seria álibi para uma revolução que mudou este mundo e levou milhões para o outro. E que o novo velho caminho que ele, Marx, começou a trilhar não levaria ninguém a lugar nenhum. Sequer seu parceiro velho de guerra, Engels, o levaria a sério. Não fosse pela descoberta das cartas trocadas com a russa Vera Zasulich, já no seu último ano e meio de vida, este seu resgate tardio da comuna aldeã permaneceria ignorado (e foi deliberadamente deixado de lado, à época, pelos seus seguidores do grupo russo
Emancipação pelo Trabalho, que construíram um movimento social-democrata de base urbana, sintomaticamente de forma contrária à recomendação de Marx). E isto nos remete novamente ao subtítulo. Grandeza e ilusão. A posteridade reservou farto espaço para um naco da produção teórica de Karl Marx. Ou, melhor, para a sua simbologia. A despeito de tudo o que fez, pensou e escreveu, uma enorme parte do corpo da sua obra foi descartado, tendo ganho a posteridade dois fetiches míticos: o "Manifesto comunista" e "O capital". Dois imensos monolitos ao redor dos quais se cultua o escritor. Se ele ganhasse como adiantamento um mísero centavo por cada citação despropositada ao seu nome no futuro (o tempo no qual vivemos), ele teria resolvido com folga seus problemas de moradia - e evitado os vexaminosos despejos que lhe puseram na rua com mulher e filhas. Quando isto se deu, ele estava no meio do seu ciclo de vida, no período entre seus dois mais rememorados títulos. E também aí - mas não só - a obra de Jones é minuciosa, nos trazendo o que veio antes e o que veio depois. Nos entrega um personagem contraditório e nos dá a possibilidade de conhecer as origens, as influências, a juventude e o mundo em que vivia Karl Marx. Seus contemporâneos e a ebulição europeia em meados do século XIX. A trajetória de Karl em meio às convulsões da sua época. Não sei você, mas eu sempre tive curiosidade na figura histórica por trás do formulador vetusto. Além da silhueta em um busto de bronze, eu queria saber mais do reles cidadão, de quem eu quase nada sabia. Eu desconhecia sua intensa atividade político-jornalística. Imagino até que eu não era exceção. Raros entre os que se referem a Marx conhecem sua vida ou sua obra - adoram citá-lo, mas o fazem de segunda mão, citando a citação. Reprochável, mas compreensível. Porém, como eu também me encontrava no contingente dos ignorantes, resolvi reduzir em alguns centavos o meu passivo. Queria me inteirar, um pouco que fosse, do que Karl Marx viveu e publicou. Por isso, o lauto estudo entregue por Gareth Jones veio bem a calhar. O autor se vale da farta correspondência trocada por Marx - e hoje quase completamente disponível no Institute Marx-Engels, cujo conteúdo, quando terminado, prevê cento e dez volumes -, para um mergulho mais profundo na personalidade do escritor. Retrocede à história de vida dos pais e avós de Karl. Traça um amplo panorama da época, da política e dos pensadores de então. Se debruça sobre a formação de Karl - ainda que, da infância, haja poucos relatos. Um que sobreviveu foi o repetido pela sua filha, Eleanor, se referindo às travessuras lembradas por uma tia, irmã de Karl, que, de tão inusitado, reproduzo aqui: "Quando pequeno ele era terrivelmente tirânico com as irmãs, às quais conduzia pelas ruas da cidade como se fossem seus cavalos". Difícil imaginar. Embora tudo conduzisse à uma desejada formação de advogado, em estudos que custavam uma fortuna ao pai, a paixão de Karl pelo teatro e pela poesia quase levou-o a largar a universidade. O pai, que nutria por ele uma alta expectativa, desesperou-se. A relação entre ambos não era recíproca. Era descompensada. Heinrich Marx havia renegado as suas raízes judaicas e se tornara cristão para ascender no serviço público prussiano. Por lei, os judeus não podiam assumir funções estatais de maior prestígio. Heinrich, advogado respeitado, preferiu a carreira à fé. Karl, filho e neto de judeus, viria paradoxalmente a ser um antissemita. Mas falo disso mais à frente. Aqui ressalto que seu pai o admirava e idolatrava. Já Karl era indiferente ao pai. No leito de morte, acometido de doença precoce, Heinrich esperava por uma carta do filho, a quem sustentava a vida boêmia de estudante ("os estudantes mais ricos gastavam menos de quinhentos táleres, enquanto Karl tinha ultrapassado os setecentos táleres, 'contrariando tudo que acordamos", se queixaria o pai, que acrescentaria: "você já gastou mais dinheiro no quarto mês do curso de direito do que ganhei durante todo o inverno"). Heinrich não escondeu sua situação de saúde do filho, revelando, em agosto de 1837, que já há dois meses estava preso à cama. Karl não respondeu à carta: apenas incluiu uma saudação ao pai na correspondência enviada à mãe em fevereiro do ano seguinte. Heinrich morreu em maio, logo após Karl completar 20 anos. Eram uma família grande, típica do período: Karl era um de nove irmãos, sendo que cinco morreram antes de chegar aos 25 anos. Inicia aí uma nova e determinante etapa na vida de Karl Marx. Confesso que, tendo tido tanto prazer na leitura, é difícil resistir ao impulso de me deter nos detalhes da formação política de Karl, e também do seu engajamento como jornalista. Fosse eu seguir as dinossáuricas pegadas do biógrafo, ainda que da forma mais limitada e restrita, eu enveredaria pelo protótipo de uma comprimida síntese, o que seria um desserviço e um despropósito. Sugiro veementemente a leitura de Stedman Jones por todos aqueles que têm interesse na figura histórica de Karl Marx, na essência das suas teses sócio-político-econômicas e na sua influência no último século e meio. O personagem é grande demais e a obra de Jones idem. Mas também não vou me furtar a destacar algumas partes pouco conhecidas da vida de Marx, que considero emblemáticas de como a sociedade constrói mitos que pouco têm a ver com o ser humano histórico. E não raro estes mitos criados são distorções que se prestam aos piores papéis, no mais das vezes com cunho político-demagógico e com um autocrático desvio de função, relegando o que realmente se passou às trevas da História. Sobram manipulação, uma narrativa farsesca e um conhecimento atrofiado. A percepção de Karl Marx na sociedade de massas moderna tem um pouco disso tudo. Ao mergulharmos na sua trajetória real, constatamos que ele não foi bem o que pensávamos que ele foi. A lamentar. Seja como for, é o que temos. Quem se der ao prazer de ler o livro, enriquecerá sua perspectiva da História. Isto posto, e para melhor - ainda que sucintamente - compreender o personagem, vamos ao ambiente que o formou. É imprescindível destacar que a Europa em meados do século XIX era uma urbe em transformação, com filosofias se entrechocando na discussão por um mundo que fosse mais justo e melhor do que o então disponível. Ao comunismo (assim batizado por Étienne Cabet em 1840) se somavam (ou colidiam) o
babouvismo, o trabalhismo, o cartismo, o republicanismo, o socialismo, o
fouerirismo, o iluminismo, o fundamentalismo, o cameralismo, o
juste milieu, o socialismo de Estado, o humanismo, numa barafunda de teses e interpretações que fazia com que os defensores de uma causa e os admiradores de um ou de outro teórico se unissem, brigassem, duelassem e reatassem, em uma rivalidade que cheirava a tudo, menos ao mundo de harmonia igualitária que eles juravam defender. Seres humanos e suas idiossincrasias. Nos palácios e nas cortes, os governos da França, Bélgica, Prússia ("um amálgama complexo de características feudais, absolutistas, liberais e individualistas", na palavra do autor), Áustria, reinos germânicos e outros mais estavam simultaneamente tentando se proteger dos revoltosos (inflamados pelos teóricos e jornalistas), prendendo ativistas ou botando panos quentes nesta ou naquela situação. Sem contar que a discussão sobre catolicismo, evangelicalismo, protestantismo, jacobinismo, panteísmo etc estava no núcleo do debate, por conta do espaço que a igreja de Roma ocupava no contexto sócio-político. Neste cenário conturbado, com Estado, religião e povo se engalfinhando num cômodo sem janelas, com diversas correntes filosóficas inspirando editores novatos que a cada quinzena lançavam um novo jornal, nesta ou naquela direção, subvencionados sabe-se lá por quem, influenciados por Hegel, Kant, Fichte, Espinosa, Heine, Schelling, Stahl, Hess etc e com carradas de outras referências sendo apupadas para o bem e para o mal, Karl Marx, que já de há muito abandonara a carreira de advogado (aquela que o pai lhe financiara os estudos), tentava se impor como um jornalista combativo. Não era fácil e ele próprio não ajudava muito. Os artigos de quarenta a cinquenta páginas que escrevia não lhe conquistavam leitores. Suas teses, originais, ainda careciam de fundamentação e organização. Marx, que viria a estigmatizar a "burguesia", em um futuro não muito distante, via a "questão judaica" como o grande obstáculo para a justiça social. Nas palavras de Jones, "talvez tenha sido porque Heinrich abandonou o judaísmo antes de Karl nascer ou porque Karl foi criado como cristão, mas o fato é que ele se sentia distante dos judeus e de seus problemas." Porém, fosse qual fosse a razão, seu jeito de tratar a questão não foi simplesmente insensível, mas uma continuação e "uma extensão direta do discurso republicano sobre 'regeneração', que tinha caracterizado a Revolução Francesa". Apesar dos esforços do pai e do tio, Karl adotou sem hesitar a equação secular de Napoleão entre judaísmo e usura. Ele não só atacou "o suposto monoteísmo dos judeus nos termos mais insultuosos, de origem
voltariana, como um 'politeísmo de muitas necessidades', como também aproveitou para atacar o Talmude como 'a relação do mundo do interesse pessoal com as leis que governam esse mundo." Mais do que o viés permanentemente crítico, o judaísmo foi uma solução econômica para o pensamento de Marx - sintomaticamente, o "judeu" foi seu primeiro "burguês". Ele encarnava o inimigo da classe trabalhadora e o algoz da justiça social que, mais tarde, Karl reviu. O inimigo passou a ser menos bem representado pelo judaísmo e mais bem encarnado pela burguesia. Acima de tudo, desde o seu início procurava uma grande tese, uma interpretação original da sociedade que lhe valesse prestígio e dinheiro. Marx era um homem de obsessões e convicções, mesmo as que não se sustentassem, como esta sua crença temporária no judaísmo como vilão do desequilíbrio na sociedade. Não somente como um judeu antissemita Marx parecia contraditório. Sempre às voltas com os questionamentos filosóficos de um mundo teórico, era contra a "Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão". Era contra o voto popular. Em tudo via um desvio que impediria o homem inocente de alcançar sua merecida redenção. Já então seu pensamento era guiado pela força de causas sociais que ele enxergava na sociedade que o rodeava, mas que ele próprio estava longe de praticar. Era temperamental e desorganizado. E permanentemente em dívida. Apesar da base cultural e social proporcionada pelo pai, apesar da riqueza familiar da esposa, Karl tinha dificuldades em se sustentar. Em suas constantes diatribes com a própria família, Karl morava na casa da família da mulher, na expectativa de encontrar um rumo para sua carreira, então amarguradamente indefinida. Jornalista, vivia dos ganhos esporádicos dos artigos que escrevia - mas, como era praxe na sua rotina, apresentava uma dolorosa dificuldade em entregar seus textos a tempo e na quantidade combinada. Como escreveu ao seu editor, Arnold Ruge (em 9 de julho de 1842), reclamando que ainda não recebera sua parte da herança relativa à morte de uma parente: "De abril até a presente data só consegui trabalhar um total de quatro semanas, se tanto, e mesmo assim não sem interrupções. Tive que passar seis semanas em Trier por causa de outra morte. O resto do tempo foi dividido, e envenenado, pelas mais desagradáveis disputas de família. Minha família, apesar de próspera, me interpôs obstáculos que me deixaram no momento numa situação bastante difícil." Empregou a mesma alegação de um tempo
tomado por atribulações financeiras seis meses depois: "Como já lhe escrevi uma vez, briguei com minha família, e enquanto minha mãe estiver viva, não tenho nenhum direito sobre meus bens." Na verdade, como afirmara sua mãe em outra correspondência, ela somente aceitaria enviar dinheiro da família para Karl se fosse para que ele quitasse dívidas antigas. Isto, porém, não satisfazia o sempre endividado Karl, porque ele queria o dinheiro em moeda sonante, para administrar como lhe conviesse, fazendo dele inclusive de lastro para dívidas novas. Quanto às "dívidas antigas", ele diria a Lassale, quase vinte anos depois: "Quando estive em Trier tive a possibilidade de
destruir algumas dívidas antigas." Talvez rasgando alguns papéis. Um olhar sobre as intempéries sofridas por Karl como chefe de família podem contar bastante sobre a personalidade de um cidadão do século XIX curiosamente decisivo para a história do século XX. Alguns anos depois do seu conturbado início de carreira, e mesmo após a publicação do "Manifesto Comunista", que deixou patente seu talento como redator, mas não lhe deu nenhum protagonismo político nos embates de então (como ele tanto objetivava), restou à família Marx a mudança para a Inglaterra. Seus tempos passados na Prússia natal, na Bélgica e na França tinham se esgotado. Havia feito mais desafetos do que alianças. Abrira mão da sua cidadania prussiana e acabara sem raízes (sem árvores, casas, patrimônio ou qualquer outra coisa firmemente plantada no chão). Fora equivocadamente expulso pela polícia de Bruxelas por desconfiarem que o dinheiro encontrado em sua conta era fruto de arrecadação para financiar os agitadores (não era; o dinheiro era dele e provinha de uma herança; no futuro, o mal-entendido que o prejudicara, quando vivo, o enalteceria, como prova de um envolvimento político que ele, na verdade, não teve). Na década de 50, já em Londres, Karl e a família passaram por maus bocados, expulsos daqui e dali por falta de pagamento. Seus débitos não se restringiam aos senhorios, que o pressionavam para receber os aluguéis atrasados. O universo de credores incluía também as padarias, os mercados, os açougueiros e os médicos. Em carta de Marx para Moritz Elsner, em 1854, se desculpava por não ter escrito antes e justificava dizendo que teve que abandonar Londres por conta da insistência do médico que atendera sua mulher, Jenny, em lhe cobrar contas antigas. Anos depois, em carta para Engels, datada de 29 de novembro de 1858, debochou da falência do médico que era seu antigo credor: "Conta-se que o dr. Freund está tão por baixo na sua sorte que teria abordado pessoas na rua pedindo um xelim". Ainda que de tempos em tempos uma herança bamburrasse a conta do casal (o pai de Marx, um tio de Jenny - a quem ele já agourava há tempos, como escrevera pouco antes para Engels -, a própria mãe de Marx, com quem ele vivia às turras, mesmo à distância), Karl estava sempre sem dinheiro para as necessidades mais básicas. A saúde era uma preocupação constante - três dos filhos do casal morreram antes dos 10 anos, a sra. Marx vivia doente, Karl passava semanas se declarando sem saúde para escrever. Seus hábitos em nada ajudavam. De acordo com o publicado no contemporâneo "Prussian Spy", Marx passava as tardes dormindo no sofá da sala, em meio à mais absoluta bagunça. Sua rotina incluía semanas sem tomar banho ou mesmo mudar a roupa de baixo. Muitas vezes atravessava a noite escrevendo, em meio à neblina dos seus charutos. A esposa sofria com a falta de dinheiro, de saúde, de espaço e de comida. A
casa estava cada vez mais cheia. Helena Demuth, a Lenchen, a empregada doméstica enviada pela mãe, que morava com os Marx, ajudando Jenny com as crianças, tivera um filho, que tudo leva a crer fosse de Karl - para salvar as aparências, o filho foi atribuído a Engels. A propósito, esta foi uma das incontáveis vezes que Engels salvou a pele de Marx. Parceiros na produção de teorias econômicas, o dinheiro de Engels, proveniente do seu rico pai industrial, foi um financiador constante de Marx, cronicamente incapaz de fazer suas
economias durarem até o fim do mês. A propósito, tendo abandonado a carreira sonhada pelo pai e se tornado um jornalista invariavelmente desempregado, de que viviam os Marx? Basicamente de três fontes, todas instáveis. 1) Proventos jornalísticos: Marx fundou diversos jornais, engajados na defesa das suas convicções políticas. O dinheiro advindo da coleta de recursos de simpatizantes políticos e da venda de assinaturas financiava as edições e sua vida pessoal. Não obstante, todos os jornais que fundou faliram antes de começarem a gerar recursos ou tiveram vida curta, por falta de assinantes ou proibidos pelo governo local. Seus jornais eram, via de regra, de oposição ao governo e também de oposição a outros opositores do governo. Marx também recebia por artigos escritos para jornais diversos e por textos para coletâneas. Muitas vezes combinava entregar textos pelos quais recebia adiantado e que depois não entregava. Engels muitas vezes escreveu os textos pelo amigo. 2) Doações políticas: como criador de um "partido" e líder de movimentações políticas, colaboradores e simpatizantes contribuíam com a
causa do partido. Uma das principais causas era o sustento da família de Marx. 3) Heranças: tanto Karl, quanto Jenny, a esposa, vinham de famílias abastadas e numerosas. A possibilidade de uma herança vultosa era sempre palpável, em tempos em que a ciência médica deixava a desejar. Muitas vezes a torcida por um dinheiro literalmente
caído do céu se concretizou. Sempre que um valor de porte chegava às suas mãos, Karl Marx dava um súbito
upgrade na vida familiar: uma casa maior, novos móveis, novas roupas. Karl tinha apreço pela boa vida e desdenhava de um padrão de vida compatível com seus rendimentos ("mesmo de um ponto de vista meramente financeiro, morar em uma casa puramente proletária não seria apropriado", escreveria a Engels muitos anos depois, em 30/7/1862). Marx, que doze anos antes (em 24/3/1850) tinha sido despejado e teve os bens arrestados por não poder quitar 5 míseras libras esterlinas pelo seu apartamento em Chelsea ("No dia seguinte tivemos que deixar a casa; estava frio, úmido e nublado; meu marido saiu à procura de alojamento (...), vendi às pressas todas as minhas camas para acertar as contas com farmácia, padeiros, açougueiros e leiteiros, que, assustados com o escândalo provocado pelos oficiais de justiça, de repente me assediaram com suas contas", escreveu Jenny Marx), se mudara provisoriamente para dois quartos no Hotel Alemão ("uma manhã nosso digno anfitrião se recusou a nos servir o café da manhã, e fomos procurar hospedagem noutro lugar", comentou Jenny). De lá os Marx foram para o número 28 da Dean Street, onde permaneceram por 6 anos ("em todo o apartamento não existe um único móvel sólido e limpo, tudo está quebrado, esfarrapado e rasgado"), período pelo qual o chefe da família tentou, em vão, se equilibrar profissional e financeiramente. Além dos pedidos constantes de dinheiro para Engels, apelara para a mãe, com quem não se dava, como já sabemos, mas a quem ameaçou com o envio das contas pessoais - dele ("ela me respondeu cheia de indignação moral, se dirigindo a mim nos termos mais insolentes e declarando positivamente que protestará qualquer conta que eu lhe mande", lamuriou-se Marx a Engels). Até o pouco que recebia dos seus textos se tornara incerto ("Eu tenho sido tão assediado por problemas financeiros, que não consigo escrever artigos. Uma semana atrás cheguei ao desagradável ponto em que não consigo sair de casa por falta de casacos que penhorei, e não posso mais comer carne por falta de crédito.") Após anos trocando de endereço em espeluncas pestilentas da Dean Street, no centro de Londres (segundo Marx, onde a "ralé coaxa à esquerda e à direita", em carta a Engels em 13/9/1854), os Marx aproveitaram mais duas heranças e a venda de alguns artigos para se mudarem para uma residência melhor nos arredores da capital inglesa. Era uma das heranças há muito ansiadas, como na sua carta a Engels de 27/2/1852: "A minha esperança é que o
indestrutível tio de Jenny está doente. Se o malandro morre agora, eu me safo dessa enrascada." A casa tinha quatro pavimentos e oito quartos, proporcionando generoso espaço à família. A nova residência trouxe conforto e salvou as aparências, mas as despesas fixas subiram. Não obstante, foi neste endereço que o primeiro volume de "O capital" foi enfim finalizado e mandado imprimir. Era uma fração do todo. A teoria econômica que Marx desenvolveu por duas décadas tinha por premissa a exploração do trabalhador pelo seu empregador, denominada, de forma clássica, como
do trabalho pelo capital. Nos seus "Manuscritos político-econômicos", escritos na década de 40, ele ia além, ao afirmar que a relação do trabalhador com o empregador era "alienada", pois que era uma relação desigual, e que "a alienação produziu a propriedade privada" e que a "propriedade privada domina o homem", se tornando o "poder histórico mundial". Como vimos, para se entender o âmago da produção teórica de Karl Marx (que, temos que convir, adorava quando a
propriedade privada de outrém se tornava uma herança sua), é necessário nos debruçarmos sobre vetores decisivos na construção do seu pensamento e, por conseguinte, da sua obra. Os ideais da Revolução Francesa permaneciam como influência dominante nas aspirações populares e dos seus defensores. A expansão napoleônica impôs novas leis, que reorganizaram a dinâmica do poder. Os ideais igualitários de Robespierre e os fundamentos romanos da justiça de Napoleão conturbavam as aspirações alemãs. Enquanto a Prússia impunha a manutenção do
status quo imperial, atrelada à Igreja, e grupos de inspiração teutônica reiteravam o apego ao passado, os partidários da revolução social proposta pelos franceses em 1789 ainda tinham poder de combustão e inflamavam atores relevantes da política franco-germana. A sólida separação entre Estado e povo, normatizados pela Fé (ou melhor, pelos agentes e pelo discurso da Igreja), havia chegado a um termo. O ser humano que constituía as nações queria mais. Ou
deveria querer. Os teóricos eram férteis e produziam incontáveis correntes de pensamento que buscavam revolucionar a relação entre o homem e o trabalho. Era daí que Marx queria partir; era neste fluxo que ele queria se imiscuir e dentro dele se impor. Curioso é que o ponto de partida do seu raciocínio tenha sido a questão religiosa, muito debatida por Karl nos seus textos iniciais. No seu entendimento, a propriedade privada seria impulsionada rumo à auto-destruição pelo seu próprio movimento econômico. Como escreveu em seu "A Sagrada Família", "o proletariado executa a sentença que a propriedade privada pronuncia contra si mesma ao produzir o proletariado". A frase é genial. No seu desdobramento, Marx opõe os "excessos dietéticos e sexuais dos ricos metropolitanos" (nos quais, diga-se de passagem, ele incorria) à "moenda" e às "batatas podres" reservadas aos pobres. Era a gênese do proto-político inflamado. Da utopia juvenil à primeira onda de maturidade, Karl ricocheteou entre reinos e nações. Em todos os países em que tentou se estabelecer, esteve à frente de organizações com objetivo político de implantação do comunismo. Nunca, porém, superou a própria conflagração interna. Esteve sempre envolvido na tarefa de se livrar de concorrentes do mesmo espectro ideológico e na disputa pela presidência dos grupos aos quais se associou. Os jornais que editava circulavam com algum prestígio nas classes mais abastadas, mas não atingiam o proletariado. Jornais eram caros. Por esta época, Marx esperava pela guerra mundial que enterraria a burguesia e colocaria os trabalhadores no poder (ele, provavelmente, faria o sacrifício de assumir o comando, embora não fosse propriamente um "trabalhador"). O mundo monárquico ruía, mas ainda se agarrava às fundações. Os seus combatentes solapavam os alicerces, mas ainda eram espantados aos pontapés. Em seu nomadismo físico-ideológico-filosófico, esteve de volta à Alemanha, disputando o monopólio político da bandeira proletária, desta feita com Gottshalk, líder do Partido. Lá Karl Marx assumiu a direção de mais um jornal. Menciono aqui porque a ironia é irresistível: Gotschalk acusou Marx de
pagar mal aos funcionários do jornal e explorá-los em jornadas intermináveis (aqui se faz, aqui se paga, diria a vó de alguém). É justo frisar que os jornais, à época, tinham cunho mais assumidamente tendencioso do que é praxe atualmente (ainda que as milhares de páginas na internet de apoio a este ou aquele político cumpram hoje mais ou menos a mesma função). Para que possamos avaliar o significado dos jornais em meados do século XIX, me valho aqui da análise do especialista na história do jornalismo Michael Schudson,
apud Jorge Caldeira: "O jornal político era a regra prática e o padrão comum. Os jornais partidários dependiam de políticos não apenas para ter capital, mas para a manutenção obtida via publicidade oficial, quando o partido estava no poder." Como eu disse, nada de muito diferente do sempre renovado jornalismo chapa-branca. Prossegue Schudson, reafirmando o que eu já comentei acima: "Os jornais eram caros. Cada exemplar custava seis centavos, quando a diária de um trabalhador valia oitenta. Além disso, exemplares avulsos só podiam ser comprados na redação. A assinatura era a forma usual de venda, e custava entre oito e dez dólares por ano. Não é de se estranhar que a circulação fosse limitada, usualmente entre 1 e 2 mil exemplares, mesmo nos maiores jornais metropolitanos. A leitura ficava confinada à elite, e o conteúdo do jornal, ao comércio e à política." Esta realidade do mercado editorial europeu era canhestra se comparada ao mercado norte-americano de então, região menos fracionada e com um só idioma. Após alguns anos em Londres, o inglês de Marx se tornara bem aceitável, e, para sua sorte (com o proverbial empurrão de Engels), seu estilo caiu nas graças do
New York Daily Tribune. Marx escreveu nele por mais de uma década, recebendo bem pelos artigos semanais que nem sempre escrevia (por perder o prazo). Na contagem de Jones, "calcula-se que o
Tribune tenha publicado 487 artigos de Karl, 350 escritos por ele de próprio punho, 125 por Engels e doze a quatro mãos". O
Tribune, que se opunha à escravidão e à pena de morte, era o maior jornal do mundo em seu tempo, com uma tiragem de, pasme, 200.000 exemplares. Apenas para o alemão
Neue Oder-Zeitung, onde assinou 255 artigos, o jornalista Karl Marx foi tão profícuo. Apesar do volume da sua produção escrita, sua impontualidade como autor era mais frequente do que o tolerável. Eu, por indigente, por gostar de rimas e considerar o tema interminável - e sua biópsia não menos formidável -, aqui vou me valer justo desta
mania recorrente de Karl Marx, que deixava seus leitores na mão, com interrupções súbitas, e vou fazer, a partir deste ponto, o mesmo com os meus três. Já deu. O livro permanece disponível e já já dou as dicas de onde encontrá-lo e por quanto. E confesso que a paixão que me moveu para que eu me estendesse este tanto estava vinculada à exposição de algumas das idiossincrasias deste judeu alemão que me pareciam importante iluminar. O seu grande período errante e o seu fim de vida paradoxal. Me interessava o contraditório, que joga luz no conflagrado espírito humano. Para não obumbrar (essa eu tirei do armário) seu auge, adianto que no fim da década de 1860 Marx começou a atingir o respeito e a notoriedade que sempre buscara, com uma tese que se tornou icônica. Sobre "O capital" em si e a forma como a História se apropriou do livro, passo a palavra ao biógrafo e sua visão da obra. "Concentrar-se apenas no status filosófico e em problemas que cercam
O capital é perder suas qualidades mais distintas e duradouras. Dois terços do livro são dedicados a uma apresentação de base factual do desenvolvimento e do estado atual das relações entre capital e trabalho, sobretudo na Inglaterra. A precondição para o surgimento do modo de produção capitalista foi a 'expropriação do produtor agrícola, do camponês do solo'. Essa foi 'a base de todo o processo'. A Inglaterra foi escolhida porque, 'enquanto a história dessa expropriação, em diferentes países, assume diferentes aspectos, e permeia suas várias fases em diferentes ordens de sucessão, e em diferentes períodos, apenas na Inglaterra ela tem sua forma clássica". Gareth acredita ainda que a parte VII, que discorre sobre a acumulação de capital, "oferece um retrato minucioso da condição dos trabalhadores assalariados em setores da economia britânica na década de 1860", destacando "a extraordinária abundância de estatísticas, relatórios oficiais e reportagens de imprensa, a partir dos quais Karl compôs o panorama geral". Ressalta Jones que o material "foi utilizado para demonstrar numerosas facetas dessa economia, desde pressões para prolongar a jornada de trabalho ou aumentar o ritmo de trabalho, até o vasto emprego de mão de obra infantil (...). Foi dada especial atenção à alimentação, moradia e saúde de trabalhadores da agricultura. O desenvolvimento capitalista tinha não só aumentado a proporção de capital 'constante' para capital 'variável', mas, ao fazê-lo, quebrara muitos pequenos capitalistas e produzira o crescimento de um 'exército de reserva de mão de obra' que ora estava empregado, ora desempregado, dependendo das flutuações no ciclo comercial." Jones enfatiza a análise de Marx frente ao ganho de produtividade agrícola e a situação do trabalhador rural: "Longe das complexidades do valor e da queda da taxa de lucro, nessa parte Karl chegou bem perto de uma avaliação concreta da perspectiva de crise e revolta. Ficou particularmente impressionado com o desenvolvimento da agricultura, em que a produtividade crescente combinada com a miséria dos trabalhadores rurais provocava um êxodo cada vez maior para as cidades: 'A dispersão de trabalhadores rurais por grandes áreas quebra o seu poder de resistência, enquanto a concentração aumenta o dos operários urbanos." O livro, um dos mais citados do século XX, finaliza com um relato histórico do desenvolvimento do capitalismo britânico, indo do derretimento da sociedade feudal, nos estertores do século XIV, até o capitalismo pleno no período vitoriano. Curiosamente, Marx via o camponês melhor resolvido como vassalo feudal do que como trabalhador livre - teria se livrado da servidão, mas perdera o
direito à terra (grifo meu) e passara a vender sua força de trabalho. Seu biógrafo, Stedman Jones, tem uma visão aguda dos predicados da obra-prima de Karl Marx: "Se
O capital se tornou um marco no pensamento do século XIX, não foi por ter identificado as 'leis do movimento' do capital. Karl não produziu uma descrição definitiva nem do começo do modo de produção capitalista, nem do seu suposto fim. Fez algumas críticas convincentes a dogmas específicos da economia política. Zombou da defesa de Nassau Senior de 'última hora' contra os advogados da limitação das horas de fábrica, da concepção de um 'fundo de salários' e da ideia de Malthus de superpopulação, que ele mostrou estar relacionada a meios de produção, e não a meios de subsistência. Mas não foi capaz de produzir uma crítica imanente da economia política em sua totalidade. Da mesma forma, embora tenha produzido um poderoso retrato da miséria e desgraça do trabalho infantil, das degradantes condições dos trabalhadores rurais e da precariedade de alimentação e moradia de uma grande proporção de trabalhadores ingleses, não conseguiu estabelecer uma ligação lógica convincente entre o avanço da produção capitalista e a pauperização dos produtores. O êxito de Karl foi precisamente na área pela qual ele parecia ter menos consideração (...). Conseguiu vincular a análise crítica da economia capitalista atual às suas raízes históricas de longo prazo. (...) Com sua determinação em rastrear o progresso da economia capitalista em sua totalidade, em particular as consequências de novas forças de produção, Karl se tornou um dos principais fundadores - se bem que involuntário - de uma nova e importante área de investigação histórica: o estudo sistemático de história social e econômica. Ele inaugurou o debate - que continua até hoje - sobre os marcos econômicos e sociais centrais da história moderna." Se foi bem sucedido no que não tentou, seu objetivo maior jamais foi alcançado, afirma Jones. "Embora fosse incapaz de admiti-lo, a abordagem inicial tinha fracassado. Ele não conseguira sustentar sua apresentação original do capital como um organismo cuja espiral de crescimento contínua e irresistível, partindo de começos modestos na Antiguidade até a supremacia global, logo depararia com um colapso em escala planetária. O exame do desenvolvimento global das relações capitalistas na Grã-Bretanha mostrou que o desenvolvimento econômico tinha sido decisivamente ajudado pela intervenção política durante o período de 'acumulação primitiva'. Mas, pela mesma razão, o que esse exame dava a entender era que o triunfo da produção capitalista em áreas fora da Europa ocidental poderia ser enfrentado e evitado." Sem sombra de dúvida o assunto não se esgota aqui - se é que este é um assunto passível de se "esgotar". Mas resta inegável que Jones nos legou um estudo valioso; enquanto a mim, aqui, bastava uma digressão mais comezinha e trivial, leveza que não condiz com a tonelagem do biografado. A mim era suficiente separar o vulto do cidadão. O filho da lenda. O jornalista do oráculo. Afastar a mão exagerada da caricatura e me aproximar do traço delicado do retratista. Porque, como se já não bastasse a sua indefectível cara de profeta judeu do Velho Testamento, tudo o que se refere a Marx vem com uma carga dogmática - seja divina, seja maldita -, que nos impede entender melhor sua obra e pensamento. O livro de Jones é uma lufada de vento em um dia quente (como esta insuportável canícula de 40 graus à sombra que estamos experimentando neste início de outubro). Ter destrinchado aqui o personagem foi como pilotar a ilha de edição de um
trailer. Assumi por missão descarnar o mocinho. Vá ver, ops, ler. Vá conhecer o cara. Os mitômanos e os ignorantes que permaneçam endeusando Karl Marx como se ele fosse um Sansão bíblico, um Salomão no trono, um Spartacus destituidor. A excepcional biografia escrita por Gareth Stedman Jones está disponível na Amazon por R$ 55,19. Posso assegurar que é um baita preço, difícil achar melhor (na Travessa está a salgados R$ 72,17 e na Saraiva está esgotado). Quem não quiser ler, que compre para ter na estante. Quem se der ao ao prazer de lê-lo, entretanto, encontrará uma dissertação preciosa sobre um ser humano singular. Mas que em absoluto reflete a idolatria emprestada com que foi eternizado.
Companhia da Letras, 767 páginas
Obs.: Me vali desta vez do recurso de citar com frequência a data exata de um acontecimento ou de uma correspondência. Me explico: é que sendo tão legendária a dimensão conquistada pelo vulto de Marx, e tão desconhecida a sua vida real, que preferi não dar margem a ilações de "como assim? ah, essa não". Com dia, mês e ano, quem quiser checar melhor que confirme por si mesmo. E tenho dito.
Quando me disse que estava lendo uma biografia do Marx fiquei curioso para saber qual das obras disponíveis você escolheu. Decidi aguardar pela resenha que, sabia, viria. Concordo que vale a pena dedicar um tempo e conhecer de perto a pessoa de carne e osso que existiu por trás dessa figura quase mitológica (muito alardeada e do qual sei pouco ou nada) que Karl Marx se tornou. E como na sua resenha não faltaram elogios e recomendações para essa biografia, não pensei duas vezes e já pus o livro no carrinho de compras.
ResponderExcluirSábia decisão, meu amigo Adílson. Livraço. Desculpe que o blogger mudou a interface e eu não tinha visto seu comentário antes! Não sei se você já começou a lê-lo, depois me conte, quero saber suas impressões :)
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