"A perfeição não existe", por Tostão
Tostão pratica uma prosa pra lá de poética. Prima pela
delicadeza, pelas frases curtas e pelos contrapontos. Seus parágrafos são
magros; ricos de conteúdo. Craque, médico e psicólogo, sua visão polivalente
busca observar os diversos lados de cada plano. Tostão jogou muita bola e
mistura modéstia com discernimento: destaque da imortal seleção tricampeã de
70, afirma que Romário tinha lugar cativo naquele time – no lugar dele, Tusta. Será?
O dr. Eduardo foi um craque altruísta e peça fundamental no time de feras. Hoje,
ler suas crônicas é assaz prazeiroso; mas, por força da pontualidade dos temas,
raramente o lugar das crônicas é dentro de um livro. Crônicas são escritas para
os jornais. São pães deliciosos; se fresquinhos, insuperáveis; se de anteontem, chochos. É que os assuntos, datados, perdem a sedução. Passada a especulação inteligente, a
verdade lisa e ultrapassada desmente as mais saborosas previsões. Mesmo que,
criterioso, tenha selecionado as suas colunas mais atemporais, elas não traem a
sua verdadeira vocação: a leitura diária. Tostão é bom. Suas crônicas são boas.
Já o livro é dispensável. Pode pular.
Três Estrelas, 280 páginas
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