"A rotativa parou", por Benício Medeiros

domingo, setembro 11, 2011 Sidney Puterman


Com o subtítulo “Os últimos dias das Última Hora de Samuel Wainer”, o livro é, antes de tudo, uma carinhosa homenagem de um repórter iniciante ao seu ex-editor – e também o epitáfio da decadência de um nome épico do jornalismo e de um estilo de se fazer jornal. E como homenagem o livro deve ser lido e compreendido - posto que a obra carece de substância para que dela se espere e exija mais do que isso. O texto, em essência, se divide em duas partes, que se fundem no terço final. A primeira é a história resumida da Última Hora e da personalidade de Samuel Wainer, seu fundador, temas já bem explorados em “Minha razão de viver” -  memórias do próprio Wainer - e em “Samuel: duas vozes de Wainer”, de Joëlle Rouchou (ambos os livros resenhados abaixo). Como a experiência do autor no jornal e com Wainer foi posterior aos áureos tempos da UH, seu relato tem estrita relevância, mais para os que não tiveram ainda acesso às obras citadas. A segunda parte é dedicada a uma pequena biografia da juventude do autor, ao seu início no jornalismo e ao seu ingresso na redação da Última Hora. Não dá pra empolgar. Mas nada de errado em lê-lo, se você estiver com tempo: nessa parte o que mais temos são parágrafos curtos contando causos curiosos do período de foca. Entre outros comentários, Medeiros refuta uma insinuada pecha de garanhão que Samuel se auto-atribuiu. Enquadrou o ex-patrão mais como… corno manso, em relação às próprias mulheres, e como galanteador, em relação às demais.  Mas isso foi apenas um parêntese, e não tônica de um livro que se pretende equilibrado. Ao fim, a lenta queda de Samuel e o início de Benício se misturam, momento em que o autor testemunha a derrocada de um jornal que marcou época no cenário editorial brasileiro. Um relato que muito pouco acrescenta aos que leram os livros acima mencionados e abaixo descritos. Mas certamente carinhoso, ainda que em meio a uma ou outra cutucada no velho e lendário jornalista.


Civilização Brasileira, 208 pgs

Sidney Puterman

Some say he’s half man half fish, others say he’s more of a seventy/thirty split. Either way he’s a fishy bastard.

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