"O incêndio: como os aliados destruíram as cidades alemãs", por Jörg Friedrich
Um livro-denúncia que versa mais sobre logística do que sobre justiça. Sobre a interminável pulverização de bombas no leito de cidades apagadas. O alemão Jörg Friedrich esmiuça o que os vencedores generalizam. E sua obra é sobre uma população resignada e confinada em porões. Sobre refúgios que se convertiam em covas. Sobre mapas, plantas industriais e baterias antiaéreas. Sobre bombardeiros e bombardeados. A derrocada intestina do Reich em uma biópsia minuciosa. Um mergulho na história das cidades alemãs e o rasgo no ventre operado pelo bombardeio inglês. A descrição do cotidiano popular nos bunkers e kellers. A rotina da morte e da destruição. O relato das bombas e os pormenores dos ataques à cada cidade. Os estragos causados, tijolo a tijolo. O madeirame incendiado. A têmpera alemã e a indiferença ao fogo britânico. Assinala Friedrich que os ataques que levaram a Alemanha às ruínas não foram capazes de atingir o objetivo aliado: parar a máquina de guerra do Reich. Também não transformaram a população em instrumento de pressão do governo nazista. Aos alemães coube cavar buracos e organizar procedimentos, desenvolvendo um acurado sistema de proteção aos sãos e assistência aos feridos. O esforço, brilhante, pouco funcionou, ao fim, diante de bombardeios que recrudesciam e de uma resistência que se esfacelava. Restou aos alemães se resignarem. E, sem outra opção, morrerem.Editora Record, 585 páginas
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