"As Sete Vidas de Fenelon", por Hermínio Miranda

segunda-feira, novembro 28, 2016 Sidney Puterman

O livro se debruça sobre os sonhos do psicanalista holandês Erlo van Waveren, discípulo e amigo de Carl Jung. Van Waveren, muito a contragosto, revelou na etapa final da sua vida ter tido sonhos, de origem pretensamente mediúnica, que narravam algumas de suas vidas anteriores - entre elas o arcebispo Fenelon, preceptor do delfim francês. A partir daí, o respeitado e sempre sóbrio autor Hermínio Miranda envereda pelo relato de cada uma destas existências, começando por Judas Barsabás, discípulo de Jesus, e que teria participado do primeiro grupo a disseminar as palavras do Mestre. Em seguida, uma série de nomes proeminentes da Igreja foram etapas da trajetória terrena do holandês: Asterius, bispo de Amásia; Wilfrid, bispo de York; Walter de Gray, bispo de Worcester; e Fenelon, arcepispo de Cambrai. Pesquisador minucioso, Hermínio reuniu (em um período pré-internet, destaque-se) um enorme volume de informações sobre cada uma destas personagens históricas. Eu, ao tomar conhecimento da grandeza e complexidade de cada uma destas passagens pela matéria, fiquei encafifado com a pobreza intelectual e circunstancial (se me permitem) de Erlo van Waveren na atualidade, após ter personificado tantos nomes de peso.  E, mais, não fica bem demonstrado o vínculo mediúnico de van Waveren com suas vidas anteriores, pois os devaneios que originaram o livro mal são citados. Isso faz do livro uma sequência de biografias de nomes da antiguidade, com fartura de lacunas e baixo grau de interesse - não desconsiderando, em absoluto, a erudição dos comentários e das transcrições trazidas por Hermínio Miranda. Ao fim, o autor se arrisca a propor o nome do suiço Johann Kaspar Lavater como uma encarnação posterior do psicólogo, com base em um conjunto de afinidades. Não duvido da coerência da comparação (as pinturas mostrando a fisionomia de um e de outro impressionam), mas também não me entusiasmo. Minha apatia se deve mais a uma incompreensão de como um Espírito, que teve encarnações de grande exigência espiritual, poderia retornar, após séculos de estrada terrena, como um burguês incrédulo. E, no que tange a este mesmo Lavater indicado por Hermínio, me espantou a contracapa informar "Miranda chegou a uma descoberta sensacional: a de uma outra encarnação de van Waveren, como uma das figuras mais polêmicas da história humana." Um surto do contracapista, que talvez não tenha lido o livro. Porque não foi uma "descoberta", e sim uma hipótese; não foi "sensacional", e creio que "convincente" já seria muito; e Lavater não foi uma das figuras "mais polêmicas da história humana". Ainda que o redator tenha deixado os dinossauros de fora, acho que o emérito Lavater não pegava o Z4 da série D. Digamos que pode ter sido uma das figuras mais polêmicas da hístória da sua cidade, Zurich - e passa a régua. Assim, sem saber até onde procede o relato das encarnações anteriores de van Waveren, me contentei, à guisa de ilustrar o post, em conseguir a certidão da última. Já é alguma coisa.

Editora Lachâtre, 313 páginas

Sidney Puterman

Some say he’s half man half fish, others say he’s more of a seventy/thirty split. Either way he’s a fishy bastard.

Um comentário:

  1. EXCELENTE COMPROVAÇÃO DAS REENCARNAÇÕES E COMPROVAÇÃO DA AFIRMATIVA DE JESUS DE QUE O ESPÍRITO EM VERDADE ESTÁ PRONTO, MAS A CARNE É FRACA.


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