"As Sessões", por Cheryl Greene
O que me vem à cabeça ao fim do livro: delicadeza e honestidade. Piegas, decerto, mas faz justiça ao discurso claro e linear da autora. O subtítulo "Minha vida como terapeuta do sexo" define menos a obra do que sugere a princípio, induzindo o leitor a pressupô-la um rol de taras. Não irá encontrá-las. É fato que as descrições são muitas e literais, mas - para os nossos padrões de sensualidade - assépticas. E, se o sexo é o tema no qual se fundamenta o livro, o texto circula é ao redor da personalidade de Cheryl. O foco soberano da biografia é sua vida familiar - seus pais, seus maridos, filhos, amizades. Apesar da banalidade, é agradável, pela forma desabrida com que aborda as expectativas sexuais e também por desmontar os preconceitos atados ao universo feminino (o conteúdo informativo sobre sexo é relevante, ainda que a sexualidade americana difira da brasileira). O saldo é uma história de vida interessante, que, se teve a publicação motivada pela atípica ocupação profissional de Cheryl, é sobretudo um retrato da mulher criada na América dos anos 50 e 60, local e período com lugar cativo no nosso imaginário. Levando em conta todas as variáveis, resta uma boa leitura.
Editora Best Seller, 271 páginas
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