"O maior Botafogo de todos os tempos", por Roberto Porto

segunda-feira, setembro 15, 2014 Sidney Puterman

Para qualquer botafoguense, é agradável ler sobre as conquistas históricas do seu time. Esse é mais um título sobre elas. Dividido em duas partes, a primeira traz as reminiscências do autor em relação ao seu clube de coração, em um texto característico de quem fala de uma paixão de infância, e a segunda é dedicada a curtas narrativas de outros botafoguenses. Poucas delas têm brilho e inexiste preocupação do autor com um conteúdo coeso; não há unidade na obra que não seja a reverência ao título brasileiro de 1995. Esse viés do texto ressoa pouco espontâneo - como se fosse um desagravo ao menor peso que o título ocupa na história do clube, quando comparado às glórias da década de 60. Nas reentrâncias dos depoimentos, a figura do ex-presidente Carlos Augusto Montenegro é recorrente. Forte influência política no clube, Montenegro é citado no agradecimento inicial, no prefácio, na abertura da segunda parte, em um sem número de passagens e na última frase do livro. Parece ser uma obra criada para homenagear o único campeonato nacional da história do Botafogo - título conquistado durante o mandato de Montenegro. Desconheço os meandros da política interna do Botafogo, mas, como torcedor, acompanhei das arquibancadas o campeonato de 95, vibrando da primeira à ultima partida com um time aguerrido e com um Túlio iluminado. Rodei a cidade, eu e as crianças no carro (os dois aí de cima, bebês, entre eles), cantando o hino. Foi uma conquista de uma equipe firme em um campeonato opaco - mas fundamental para a auto-estima alvinegra, dando à torcida o título de expressão nacional que ela ansiava ostentar. Não temo afirmar, porém, que o grupo campeão não está à altura dos grandes times do Botafogo de 1957 a 1972 (ou mesmo do distante tetracampeão da década de 30) e nominá-lo o "maior de todos os tempos" soa ou ignorância ou conveniência.

Editora Livrosdefutebol.com, 101 páginas


Sidney Puterman

Some say he’s half man half fish, others say he’s more of a seventy/thirty split. Either way he’s a fishy bastard.

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