"1822", por Laurentino Gomes
No segundo livro da franquia aberta com o mais alentado
“1808”, Laurentino organiza uma obra que não consegue esconder o principal:
pouco se sabe da proclamação da Independência. Com base numa histórica – literalmente
- falta de dados consistentes, o autor requenta as esparsas
informações existentes sobre o evento e dedica seu livro a abrir capítulos
periféricos, que engordam o volume, mas em muito pouco o nosso conhecimento
sobre o assunto. Os verdadeiramente interessados no tema, entretanto, não são o alvo do livro – e sim os
leitores eventuais, mais dados aos “Código da Vinci” e às revistas semanais do
que à História genuína. Sob esse prisma, o relato do que já é sobejamente
conhecido ganha foros de novidade, e pode enriquecer a cultura de quem somente
agora envereda pelos meandros históricos. É, visto desse ângulo, uma boa
iniciação, bem pouco ajudada pelo tiro n'água que é a programação visual demasiado
poluída. A paginação não respira: são péssimas as aberturas de capítulo que
trazem as manchas gráficas em fade out.
No todo, com tolerância didática, podemos benevolamente chamá-lo de uma
reportagem de muitos boxes ou de um
livro irregular. Chega a ter seus bons momentos - mas, entregando seu espírito comercial e comprometido, a página derradeira é medíocre.
Resta um consolo: ao contrário do “Rei”,
o Imperador não vai levantar da tumba ou dos porões do Lady Laura para proibir a biografia imperial. Você pode ler sem risco de se tornar um estuprador de privacidades.
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