"1822", por Laurentino Gomes

quarta-feira, outubro 30, 2013 Sidney Puterman


No segundo livro da franquia aberta com o mais alentado “1808”, Laurentino organiza uma obra que não consegue esconder o principal: pouco se sabe da proclamação da Independência. Com base numa histórica – literalmente - falta de dados consistentes, o autor requenta as esparsas informações existentes sobre o evento e dedica seu livro a abrir capítulos periféricos, que engordam o volume, mas em muito pouco o nosso conhecimento sobre o assunto. Os verdadeiramente interessados no tema, entretanto, não são o alvo do livro – e sim os leitores eventuais, mais dados aos “Código da Vinci” e às revistas semanais do que à História genuína. Sob esse prisma, o relato do que já é sobejamente conhecido ganha foros de novidade, e pode enriquecer a cultura de quem somente agora envereda pelos meandros históricos. É, visto desse ângulo, uma boa iniciação, bem pouco ajudada pelo tiro n'água que é a programação visual demasiado poluída. A paginação não respira: são péssimas as aberturas de capítulo que trazem as manchas gráficas em fade out.  No todo, com tolerância didática, podemos benevolamente chamá-lo de uma reportagem de muitos boxes ou de um livro irregular. Chega a ter seus bons momentos - mas, entregando seu espírito comercial e comprometido, a página derradeira é medíocre. Resta um consolo: ao contrário do “Rei”, o Imperador não vai levantar da tumba ou dos porões do Lady Laura para proibir a biografia imperial. Você pode ler sem risco de se tornar um estuprador de privacidades.

Nova Fronteira, 351 páginas

Sidney Puterman

Some say he’s half man half fish, others say he’s more of a seventy/thirty split. Either way he’s a fishy bastard.

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