"Minha mocidade", por Winston Churchill

sábado, setembro 28, 2013 Sidney Puterman


Uma arrebatadora faceta – que me era totalmente desconhecida – de uma das grandes personalidades da história. Seu nome é Winston Spencer Churchill, futuro “sir”,  rapazola que desde cedo escrevia bem. E gostava de um barulho. As peripécias “juvenis” nas quais se meteu nos trazem um panorama global – e in loco – das guerras coloniais do Reino Unido. Isso à parte, é sempre surpreendente o contato com o primevo roteiro de vida dos maiores nomes – geralmente, nos constrangem por sua inesperada banalidade, tornando ainda mais inexplicável sua genialidade. Esse axioma não se presta pro jovem Churchill, que teve uma juventude atribulada e atípica. Diferentemente de nós, a inglesada bem-nascida d'antanho não queria nada com o dolce far niente. Eles gostavam de ação, em doses fartas e intensas, e Churchill era desses. Depois de um período medíocre no colégio (segundo ele próprio), o adolescente Winston saiu pelas repartições militares afora em busca da designação para algum entre os muitos conflitos bélicos que a Inglaterra administrava ao redor do mundo. Após penar de gabinete em gabinete, conseguiu uma permissão meia-boca. Empolgado com sua estreia nos conflitos armados, como “visitante” em uma guerrilha esfarrapada no Caribe, andando muito e com poucas escaramuças, logo em seguida obteve uma promoção para guerras mais respeitáveis no Afeganistão, onde o tiro comia solto e ele começou a granjear popularidade e fama entre os súditos da Rainha. A temporada no Oriente foi um belo exercício preparativo para a Guerra dos Bôeres, na África do Sul, teatro de operações que fez dele um nome conhecido em toda a Grã-Bretanha, pelas suas publicações como correspondente de guerra e, depois de preso, pela sua fuga cinematográfica, atravessando, sózinho e desarmado, o território bôer. O bom livro, recheado com o saboroso e mordaz humor britânico, encerra com seu início promissor na política e considerando a Primeira Guerra Mundial como a mais atroz das circunstâncias enfrentadas pela civilização – a tal ponto que o bom Churchill preconizava que a Europa e o mundo jamais se meteriam em outra enrascada como aquela. Ele nem de longe imaginava que, poucos anos depois, um flagelo muito maior se abateria sobre o planeta – e que somente um sujeito em todo em toda a face da Terra reuniria as condições necessárias para salvá-la. Você já sabe quem era esse cara. Era ele mesmo. Mas aí já é uma outra história.

Nova Fronteira, 415 páginas.


Sidney Puterman

Some say he’s half man half fish, others say he’s more of a seventy/thirty split. Either way he’s a fishy bastard.

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