"O Livreiro de Cabul", por Asne Seierstad

segunda-feira, agosto 13, 2012 Sidney Puterman

Fotografias interessantes. Nada profundas, nem necessariamente reais. Porém, ainda que superficiais, relevantes, pelo registro das relações cotidianas no Afeganistão do século XXI – cujo relato, caso se situasse no século XV, não seria muito diferente (se muito, a ausência de metralhadoras). A Cabul do livreiro é primitiva, com relações humanas hostis, segregadoras e repletas de maneirismos – uma rotina apoiada em codificações semitribais que reduzem o sexo feminino (o principal ponto analisado no livro) a uma condição subalterna e humilhante. A dependência dos produtos e lideranças ocidentais é total: não há organização urbana ou política. Os vínculos familiares são a base dos microfeudos totalitaristas. Cidades e culturas feitas de areia, misticismo e bala. Pela descrição da autora, estar no Afeganistão é estar no fim do mundo - sem água, sem sombra e sem mulher. É ruim de encarar. O livro é bom; mas uma anti-recomendação turística. Leia o livro. E - caso você tenha tido a imprudência de cogitar - esqueça o passeio.

Editora Record, 316 páginas

Sidney Puterman

Some say he’s half man half fish, others say he’s more of a seventy/thirty split. Either way he’s a fishy bastard.

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