"Eu sou o Livreiro de Cabul”, por Shah Muhamad Rais
Comprei o livro do Rais pela internet. É fininho como um
manual de torradeira, em uma edição esteticamente bem cuidada pela Bertrand
Brasil – exemplo cabal de quando a embalagem supera o conteúdo. O livro tem um
mote e um propósito únicos: negar o relato de Asne Seierstad em seu livro
“O Livreiro de Cabul”. O autor dessa brochura é o próprio. Quem
leu o livro de Seierstad (resenhado logo abaixo) travou contato com sua imersão na cultura afegã, onde ela destaca traços e idiossincrasias de uma
família típica, liderada por um patriarca dominante. Pois o “patriarca” não
gostou do que leu e escreveu um livro respondendo ao que considerou
mentiras da jornalista norueguesa. O modo como ele a contestou, porém,
enfraqueceu sua
causa. Apela para uma estrutura de mil e uma noites, com deuses nórdicos interagindo com a bela, idílica e atrasada (na visão dele) pátria
afegã. Abre mão da objetividade e alicerça sua argumentação no que a princípio pensei fôra um “nariz de
cera”; mas era a espinha dorsal, com um metaforismo rebuscado conduzindo sua defesa. Inquestionavelmente chato. Ao apelar para as “divindades” e pôr seu discurso nos lábios
desses personagens, busca forjar uma presumida sabedoria, mostrando o quão acima está da caluniadora jornalista que revelou a – agora sabemos, por
mais que ele negue - humilhante estrutura do seu feudo familiar. Por tola, na
essência, e pouco inteligente, na dialética, a obra desgasta o
leitor bem-intencionado. No
popular, é um blablablá chato. Não leia. Não compre. Evite o autor.
Bertrand Brasil, 94 páginas
Valeu pela resenha. Acabei de ler O Livreiro de Cabul hoje e fiquei muito curiosa pra ler o Eu Sou O Livreiro de Cabul. Não achei o livro pra baixar e ele custa U$19 na Amazon. :( Pelo menos a sua resenha me deixou com um pouquinho menos de vontade de ler.
ResponderExcluirMariana, legal que lhe foi útil! Mas, se a curiosidade ainda assim lhe espicaçar, leia e depois me conte o que achou. Você percebeu a raiva que eu fiquei do Muhamad. Se você gostar, será um contraponto à minha impressão; se detestar, seremos dois a espinafrá-lo...
ResponderExcluirabração
Sidney
Acabei de ler... adorei a forma como ela se expressa.
ResponderExcluirLi o livro O livreiro de Cabul, e achei importante a informação sobre a família afaga. Li também, Eu sou o livreiro de Cabul.Achei desnecessária a forma como ele escreveu. Mas concordo com ele em alguns pontos como por exemplo o relato do banho da mãe dele ou falar que o filho grita como um porco, entre outras.Ela poderia ter escolhido uma forma melhor de se expressar...
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