“O artilheiro que não sorria” é um livro sem graça. Um relatório triste. Um arquivo soviético com marcas sul-americanas de deterioração. Uma tomografia em preto e branco de um sujeito que não se encaixava. Com tudo isso, e apesar de tudo isso, é uma doce reverência a um paraense calado, pobre e esquecido. O maior artilheiro da história do Botafogo, em todos os tempos. Que era temido em um time onde sobravam craques a serem temidos (Garrincha, Didi, Nílton Santos, Amarildo etc). Que era ignorado em um time onde sobravam estrelas a serem lembradas. Sempre desprezado, sempre subestimado – antes, durante e depois da carreira. O livro que o retrata é uma compilação de recortes. Sem acréscimos, sem investigações aprofundadas, sem volume relevante de depoimentos e de conteúdo testemunhal. É bem a cara do artilheiro. Sorrir de quê?

Livrosdefutebol.com,  332 pgs