"O Último Playboy", por Shawn Levy

domingo, novembro 27, 2011 Sidney Puterman

O subtítulo - “A vida louca de Porfírio Rubirosa” – ficaria melhor trocando o “vida louca” por “vida nababesca”. Ler sobre esse garanhão bon-vivant, que traçou todas, que viveu como um milionário, que foi bom de porrada, que foi recebido nos mais suntuosos ambientes do mundo, que não precisou trabalhar, que comeu do bom e do melhor, que teve os mais potentes carros, que foi aonde quis, que se vestia como um galã de Hollywood… faz transbordar o mais ascético dos seres humanos de golfadas de despeito. Mas um despeito oco, irreal, tão fantasiosa foi a trajetória rocambolesca desse cidadão. Porque, se além de ter tido e sido tudo isso Porfírio Rubirosa tivesse feito alguma coisa que prestasse (em um instante qualquer, para qualquer um), seria fantástico. Não fez. Com isso, para um leitor interessado em conteúdo pertinente sobre a história do planeta e seus habitantes, o livro se torna um saco. Não há nada de interessante (ou gratificante) em acompanhar a vida de um playboy profissional que se deu bem a vida inteira sem ter feito absolutamente nada, além de festas, trapalhadas e desperdício de grana, muita grana, a ponto de dar dó. E, por décadas a fio, no livro não acontece nada, a não ser testemunhar, por pano de fundo, episódios sujos da política caribenha, com suas repúblicas de banana e ditadores de comédia pastelão (com participação privilegiada de Rafael Trujillo). Mas 400 páginas pra isso… você não merece, creia-me. Não obstante, eu mereci. Paguei por essa besteira. Que seja. Você pode se dar por satisfeito, ler este e outros comentários na internet e não ir adiante. Seria pra lá de sensato. Lembremos que o mais famoso epíteto do grande (com direito a trocadilho) Porfírio era toujours prêt, que, em bom português, significa “sempre pronto”. E era pra isso mesmo que você está pensando. Reflita bem, nessa tarde chuvosa: vai encarar?

Record, 395 pgs

Sidney Puterman

Some say he’s half man half fish, others say he’s more of a seventy/thirty split. Either way he’s a fishy bastard.

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