Jogava muita bola o Paulo Cezar Caju, a quem, com reservas, admiro; mas o livro é ostensivamente auto-elogioso – e, em sendo assim, vale pouco. Como depoimento de ex-drogado é fraco, pois, a se depreender do relato, o autor foi presa mais do dolce far niente e de uma inequívoca propensão à ribalta do que propriamente do vício. Suas observações a respeito das inúmeras personalidades com as quais conviveu também se diluem, pois são vistas com benevolência proporcional à tolerância demonstrada – inclusive financeira - para com o autor/atleta. E as descrições da plasticidade do futebol do Caju soam desconfortáveis apregoadas pelo próprio, que também convence pouco (ou não convence) com seu botafoguismo de ocasião. Talvez esteja certo quem diga (eu digo) que o único time pelo qual torce esse ex-jogador de forte personalidade seja o Paulo Cezar Lima Futebol Clube; mas se for, porém, algum time de chuteiras, bandeira e escudo, dificilmente será alvinegro. Se o amigo leitor tem dúvidas, veja as fotos exibidas (ato falho?) no livro e dê a sua própria opinião. E, passeando por essas mesmas fotos, aproveite e renda seu tributo ao apurado gosto do ponta-esquerda pelas pantalonas psicodélicas. Retrato de uma época? Pode ser. Cada qual com seu gosto.

A Girafa, 144 pgs