"Anatomia de uma derrota", por Paulo Perdigão
Dissecação de um cadáver. O escrete de 50 exposto em uma gaveta de aço, rejeitado por parentes. Enterrado como indigente. Os craques leprosos. A escória sem garra que era o retrato do Brasil mestiço. Um silêncio de duzentas mil vozes. Um autor aprisionado dentro de uma tragédia, vivida pela criança que foi ao Maracanã ver o Brasil ser campeão do mundo e testemunhou o choro dos duzentos mil. Num relato jornalístico minucioso, que inclui a transcrição da irradiação do jogo, lance a lance, Perdigão deschava essa derrota permanente do futebol e do povo brasileiro. Não há quem não conheça essa derrocada épica – mas há sempre como sofrer um pouco mais. É quase um dever cívico embarcar no livro e voltar a 1950. Encontrar os jogadores que nunca mais puderam se esconder. E sofrermos, solidários, confrangidos, sozinhos.
Editora L&PM, 208 pgs
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