"Memórias de minhas putas tristes", por Gabriel Garcia Marquez
Bonito, pungente. O cara escreve bem. Para caramba. O que ele faz com as palavras não se faz. Ourivesaria, tapeçaria, que tricô é aquele que vai formando uma história? Parece uma teia - de melancolia aguda - que lhe enreda e da qual não se desgruda. Nada tem forma, além da forma pressentida. Talvez cada um reescreva pelo que sente o que Garcia Márquez induziu. Seja lá o que for, não é desse tipo de livro que entendo – se é que entendo de alguma coisa - e do qual me alimento. Os meus livros, os que leio, são mais planos, mais chatos, mais minuciosos. Eu confesso que gosto dos meus livros. Esses como esse que o colombiano escreveu me deixam um pouco aturdido. O sentimento que suscita é o de ver, com olhos de vizinho, o que acontece na casa ao lado, e desse jeito inventado é uma história que não termina, como uma vida entrecruzada, alguém que veio, se foi e não disse tudo. Já os relatos históricos têm data de início e de fim. Para chatos metódicos como eu, melhor assim.Editora Record, 127 pgs
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