"De gados e homens", por Ana Paula Maia
A autora cerze seu tapete semântico com habilidade. Sua ficção é manipuladora, como uma chef que serve banquetes de espuma e fumaça em jantares vendados. Ela - nunca - nos permite ver ao redor. Opta pela secura e gera fantasias mirabolantes com idêntica sisudez. O domínio é permanentemente dela, e sua escolha de palavras e o ritmo dos parágrafos são uma assinatura invulgar e desconfortável. Mesmo reticentes, nos deixamos submeter ao seu fraseado, árido, enfeitado com nomes inverossímeis que correspondem a personalidades idem. Seu mundo imaginário é cheio dessa poeira de pocket books de faroeste, de sujeitos empalhados fumando em silêncio, e contraditoriamente plenos de vigor. Ainda assim, li o livro, curto, sem nenhum prazer especial. A ficção contemporânea me entedia. Ana Paula Maia é boa. Mas eu não sou o cara certo para ela. Sou chato. Não tenho paciência pra ver vídeos do Ronaldinho Gaúcho controlando a bola. Ele joga muito. Eu não tenho é saco.Record, 127 páginas
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