"Educação de um bandido", por Edward Bunker
Embora sem a intensidade do seu romance de estreia – “Nem os mais ferozes”, ficção enxuta e aguda -, a autobiografia descreve a trajetória de um
ladrão por vocação, rebelde
ensandecido, trancafiado em boa parte dos seus primeiros quarenta anos nas mais
violentas prisões americanas, e que, após sua libertação, se tornou escritor
cult e ator de sucesso internacional. Aí, Eddie, além de vender centenas de
milhares de livros e ser traduzido para meia-dúzia de idiomas, contracenou com
Dustin Hoffman nos anos 70 e foi dirigido por Quentin Tarantino nos anos 90 (no
filme “Cães de Aluguel”, que levou o diretor ao estrelato). Sua autobiografia
tem barrigas, mas predomina a mão firme do autor, limando os excessos. Traça um
perfil do sistema prisional dos EUA dos anos 40 aos 60, quando a questão racial
se tornou dominante e dividiu as cadeias em dois grupos antagônicos – e esmiuça
a monótona rotina no encarceramento. Bunker exibe sua visão de criminoso, sem
pieguice ou remorsos, e não se arrepende de nada. Crê, talvez ainda hoje, que
fez o que as circunstâncias o levaram a fazer. Certo ou errado, tem seu charme.
Editora Barracuda, 380
páginas
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