"Banquete", por Roy Strong

segunda-feira, agosto 15, 2011 Sidney Puterman

Um texto elegante - e uma abordagem elitista do que o autor denomina “jantar festivo” - nos conduz pela mesa dos nababescamente ricos nos últimos 2.500 anos. No cardápio de Roy, Grécia e Roma antigas nos são oferecidas como antipasto, onde o prazer de comer e conversar norteia os hábitos. Em seguida ele nos mostra que, da queda do Império Romano até o século XVI, tivemos uma retração compatível com o estereótipo sombrio da Idade Média. O Renascimento assinalou o retorno à ostentação e ao espetáculo social, em uma mise-en-scéne rebuscada que me pareceu enfadonha - mas que fazia um baita sucesso. A Revolução Francesa traz uma reviravolta nos costumes e, a partir daí, ingressamos no estágio onde o cerimonial chega à burguesia, deixando de ser privilégio da nobreza e refletindo mais a cultura à qual nos habituamos como referência de requinte à mesa. E ponto. Tudo isso teve fim com a Primeira Guerra Mundial, pois, doravante, “(...) os rituais seculares das refeições foram desconstruídos e substituídos pelo espetáculo de uma figura solitária mastigando diante de uma tela de TV”. O livro tem seu interesse, nem que seja para dar mais consistência à nossa cultura inútil, como, por exemplo, sabermos o impacto tecnológico causado pela chegada do garfo e, posteriormente, do prato de cerâmica (substituindo o pão). Mais? O termo “etiquette/etiqueta” provém de um bilhetinho que a anfitriã encaminhava aos convidados para orientá-los sobre as regras que estariam valendo no jantar. O livro revela, enfim, iguarias de lamber os beiços: um banquete oferecido pelo Papa Clemente VII, no século XVI, trazia um pintinho para cada conviva - acompanhado por um pastel de crista de galo, testículos e groselha; tortas com recheio de olhos e testículos; cabeças de bezerro desossadas e recheadas; finalizando com suculenta salada de pés de cabra. Vai uma aí? 


Jorge Zahar Editora, 265 pgs

Sidney Puterman

Some say he’s half man half fish, others say he’s more of a seventy/thirty split. Either way he’s a fishy bastard.

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