"Império à deriva", por Patrick Wilken

terça-feira, junho 28, 2011 Sidney Puterman

O tema, que ganhou evidência com a comemoração dos 200 anos do desembarque da corte no Brasil, foi resgatado, de forma jocosa, pelo filme “Carlota Joaquina”, de Carla Camurati, e por uma histriônica série da Globo. O lugar comum, reforçado pela película e pela série televisiva, é tratar com desdém a corte em fuga: a opção pelo estereótipo faz com que a importância do período seja menosprezada. Esse novo título repara, em parte, a lacuna, onde o inglês Wilken contribui com uma visão européia de Portugal. Por ele, acompanhamos a movimentação de um império decadente em debandada, bem como as conseqüências que isso traz para o país e para a sua maior colônia. D.João VI é o principal personagem - no qual o autor vê virtuosimo político, ainda que ressalte seu caráter medroso e indeciso. Já o rapazola e depois imperador D. Pedro I é pintado com perfil semelhante a um recente presidente (atente: um governante medroso e conservador, seguido por outro impetuoso e mulherengo, e que interrompeu bruscamente seu governo, tem um paralelo que seria cômico se não fosse trágico...) O que nos fica ao fim da leitura é a convicção de que o Brasil dificilmente seria o que é hoje não fossem esses 25 anos, iniciados quando a corte portuguesa desembarcou aqui - e que tiveram sua página virada quando D.Pedro IV, o Príncipe Soldado (nosso Pedro I foi assim denominado na terrinha), retornou à pátria portuguesa. A leitura é amena e uma certa superficialidade jornalística tornam-na para lá de palatável. 

Editora Objetiva, 326 pgs

Sidney Puterman

Some say he’s half man half fish, others say he’s more of a seventy/thirty split. Either way he’s a fishy bastard.

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