"O Velho e a Bola", por Maneco Muller

domingo, março 02, 2014 Sidney Puterman

Não esperava muito da compilação de crônicas sobre o cultuado lateral-esquerdo, mas o meu coração alvinegro falou mais alto e comprei o livro. Bendita decisão. O livro não é bom - é ótimo. O texto do antigo colunista é brilhante, intimista e saboroso. O sujeito senta na poltrona, chama o Nílton e oferece um raro panorama do futebol brasileiro ao longo de 15 dos seus mais importantes anos. Fala da folclórica desonestidade no título de 48. Revela desconhecidas cretinices das Copas de 50 e 54 (não citadas em outros livros e não comentadas pelos "entendidos"). Acompanha jogo a jogo, de dentro do vestiário e de dentro do gramado, a conquista redentora da Copa de 1958 - e como o Velho creditou a vitória à lição de Obdulio. Pincela a derradeira Copa, a de 62, de um dos maiores jogadores de futebol que o mundo conheceu. Dizia Armando Nogueira: "Nilton Santos, tu, em campo, parecia tantos..." Pois esse livro, corroborando o dito, foi por pelo menos quatro escrito: por Maneco, que assina o livro, por Jacinto de Thormes, que assinou as crônicas, por Rafael Casé, jornalista generoso e apaixonado que as compilou, e pela Enciclopédia do Futebol, que viveu e narrou, com profunda e inquietante sabedoria, os feitos nele relatados. O que Nilton Santos - que era tantos - fez, mudou a História do Brasil. E isso, como D.Pedro I bem sabe, é para poucos.

Em tempo: D. Pedro I nem jogava bola, mas, tal como Nilton, pegava geral. Pedro de Alcântara se aposentou aos 34 anos; Nilton Santos, aos 37. Os dois marcaram época, mas só o último foi unanimidade.

Maquinária Editora, 159 páginas

Sidney Puterman

Some say he’s half man half fish, others say he’s more of a seventy/thirty split. Either way he’s a fishy bastard.

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