"Meu nome não é Johnny" , por Guilherme Fiúza

segunda-feira, maio 16, 2011 Sidney Puterman

O livro é desigual, até mesmo porque usa muito mais papel do necessita. E o desperdício não se restringe ao papel, e sim em relação às próprias perspectivas de vida do retratado. De positivo há a revelação do pouco sofisticado sistema de cooptação, distribuição e comercialização que envolve o tráfico - viabilizado por órgãos repressores corruptos e ineptos, que fecham os olhos à ação dos traficantes, invariavelmente movidos por fúteis objetivos pessoais. E o desperdício salta aos olhos ao observar o João que não era Johnny fazer uma besteira atrás da outra. Sermão moralista à parte, o jovem Estrela, o biografado, foi uma feliz exceção que conseguiu retornar ao convívio social depois de experimentar o que havia de pior. Ainda assim, não tem estofo suficiente para justificar um livro, por ausência de conteúdo. Valeria certamente uma grande reportagem. Mais que isso, não. Suas 336 páginas são uma estrada longa para o pouco combustível da sua história, continuadamente repetida por milhares de outros aviõezinhos da droga, e estrelada – sem trocadilho – por aqueles que chamam a atenção da mídia por um detalhe atípico qualquer, como esse surfista atualmente condenado à morte na Indonésia. O que todos eles têm de especial, afinal, além de nada na cabeça? (comentário escrito quando do lançamento do livro, em março de 2006, muito antes de ser transformado em filme - e o surfista condenado, alguém sabe se morreu?)

Editora Record, 336 pgs

Sidney Puterman

Some say he’s half man half fish, others say he’s more of a seventy/thirty split. Either way he’s a fishy bastard.

0 comentários: