"Agassi", por Andre Agassi
Um baita pneu. É a sensação que o leitor tem ao iniciar o livro: que levou um pneu (6 games a zero, em um set de tênis) e está ali, arrebentado, deitado na maca, na companhia de ninguém menos do que Andre Agassi e Marcos Baghdatis, que abrem o capítulo em um duelo insano. Você pensa: estamos falando de gladiadores ou de tenistas? E lembra que, pouco antes, ao pegar o livro, a capa já prometia surpresas - uma foto mesmerizante do rosto de Andre Agassi, centrada nos olhos, revela-o súplice, entregue. Assim, pelas dores do corpo e através dos olhos desarmados do depoente, o leitor faz sua travessia pela controversa e multimidiática trajetória de um dos maiores tenistas da história americana. Tênis, aí, é tortura, obsessão, monotonia e armadilha. Não é à toa que, logo de cara, André Agassi afirma que odeia tênis. Você pensa: gênero do cara. Se enganou. Ele odeia tênis. E é esse ódio que tempera as atitudes controvertidas, rebeldes e insensatas em seu relacionamento com pai, namoradas, mentores, quadras de tênis e adversários. O texto flui, agradável, despojado, criando uma confortável camaradagem entre ouvinte e confidente. Astros do tênis e os principais torneios do circuito são coadjuvantes da sua escalada íntima, enquanto, em paralelo, assistimos às diversas fases de construção, destruição e reerguimento de um dos grandes do esporte mundial. Uma autobiografia digna da quadra central. Ao fim do livro, extenuado, você pensa: quero mais um set. Play, Andre.
Editora Globo, 504 pgs
* Play: expressão do jogo de tênis, sempre em inglês, dita pelo jogador que vai sacar.
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