"Deu no New York Times", por Larry Rohter

segunda-feira, julho 25, 2011 Sidney Puterman


É interessante, mas não é agradável. Ver um estrangeiro falando mal do nosso país é sempre desconfortável – principalmente quando o sujeito tem carradas de razão. O livro, uma coletânea de reportagens, é dividido por temas e facilita nossa consulta ao assunto espinafrado. Em “Cultura”, por exemplo, uma partezinha do livro bem meia-boca, ele detona os desfiles de carnaval e o Niemayer. Nada a opor. Tem lá seus acertos. Mas é falando de política, e, principalmente, de Lula, que o texto ganha sabor. Ele dá sua versão da passagem em que o ex-presidente tentou expulsá-lo do país, por conta da matéria em que ele, Larry, aborda a indisfarçável queda de Lula por uma cachacinha. Segundo o jornalista, Luís Inácio da Silva esqueceu, ao tentar defenestrá-lo, as outras matérias “favoráveis” que sempre recebera de Rohter, nos seus tempos de eterno candidato. Memória seletiva é crise discognitiva bem disseminada entre os políticos. Entre outras, Rohter revela detalhes de pouca ou nenhuma divulgação por aqui. Algumas das reportagens são oportunas e nos situam quanto à ótica estrangeira, na visão peculiar de um correspondente enraizado no Brasil. Embora datado, o texto tem sua relevância, naturalmente mais em uns do que em outros episódios. E, se discordo de Rohter em muitas das suas opiniões e flagro seus diversos equívocos na interpretação do Brasil, tenho que atestar que são em número desprezível, quando comparados aos nossos próprios erros. Estes, os fazemos incontáveis e vexaminosos – e sem dia pra acabar.

Objetiva, 416 páginas

Sidney Puterman

Some say he’s half man half fish, others say he’s more of a seventy/thirty split. Either way he’s a fishy bastard.

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