"O vinho mais caro da História", por Benjamin Wallace

segunda-feira, fevereiro 10, 2014 Sidney Puterman

O livro trata de um assunto de menor importância, circunscrito à futilidade sem fim dos hedonistas e dos muito endinheirados - mas que, acondicionado em ritmo de thriller, por um autor inspirado, se configura presente saboroso. Não obstante o bom texto, porém, o tal "vinho mais caro" é uma balela - tanto do pretensioso vendedor, quanto do título instigante. De fato, o verdadeiro tema do livro é o mercado de vinhos antigos e o seu apogeu nos anos 80, estimulado por apreciadores com fortuna demais e bom-senso de menos. O personagem-chave, um alemão enigmático de nome falso, Hardy Rodenstock, é catapultado ao Olimpo dos descobridores de vinhos raros por um leiloeiro em ascensão. A súbita e bem-vinda aterrissagem dos novos ricos americanos faz dele e da sua misteriosa adega de incontáveis vinhos históricos de 200 anos de idade um sucesso no enomundo - ainda que a origem das garrafas se tornasse, ano a ano, cada vez mais questionável. Para quem gosta de uvas, milionários e boas histórias, um livro interessante; e o título em inglês, "The Billionaire's Vinegar", é sumamente divertido e revelador. O único senão - e que tem considerável peso, à hora chegada - é o fim diluído da obra, menos conclusivo do que gostaria o leitor que destrinchou suas quase 300 páginas. Parece até mesmo que, inesperadamente, depois de uma degustação vertical de 40 safras de Yquém do século XIX, nos foi servido um chileno avinagrado. Ainda assim, não é um livro para se cuspir.

Jorge Zahar Editora, 278 páginas.

Sidney Puterman

Some say he’s half man half fish, others say he’s more of a seventy/thirty split. Either way he’s a fishy bastard.

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