"O Homem Cinderela", por Jeremy Schaap

quarta-feira, maio 08, 2013 Sidney Puterman


Compre um saco de pipocas, abra o livro e se prepare. Vai ser um show de boxe. Eu gosto de boxe. Vai ser uma aula de como contar uma boa estória. Eu gosto das boas estórias. Schaap, o autor, começa lento. Aquece. Atira meia dúzia de jabs e, à medida em que as páginas avançam, ele começa a bailar e seus golpes se revelam mais bem colocados e potentes. Cruzados, uppercuts e swings dominam a cena. Jeremy Schaap é o dono do ringue e traz nas luvas a inacreditável história de James J. Bradock. Sem se esquivar, sempre andando para a frente, ele esmiuça os primórdios do esporte e traça um amplo panorama do boxe nas décadas de 20 e 30 nos Estados Unidos. No intervalo dos rounds, cada um dos grandes nomes do pugilismo da época é aquinhoado com um capítulo à parte. Meticuloso, o jornalista esquadrinha a vida do "irlandês" Braddock e nos coloca na primeira fileira de cada uma das suas lutas. Nos apresenta seu empresário e torcedor número 1, Joe Gould, e passeia conosco pela economia da Depressão. Subimos com ele no tablado em incontáveis lutas e assistimos, apoiados nas cordas, a decisão do título mundial dos pesados de 1935. Leia o livro e veja a luta (em tempos de internet, peça ajuda ao irmãozinho You Tube e assista o passo-a-passo – ou melhor, o soco-a-soco – de muitas das lutas narradas). A década de 30 nos Estados Unidos é assim: tem registro – e com surpreendente qualidade técnica. Diferentemente daqui, cujos filmes do mesmo período parecem ter sido contemporâneos do homem de Neanderthal. Se você gosta de boxe, pode reservar lugar na poltrona e encomendar o livro. Estilo? Schaap não tem. Parece que Braddock também não tinha. E ainda assim acabou campeão do mundo.

Objetiva, 345 páginas.

Sidney Puterman

Some say he’s half man half fish, others say he’s more of a seventy/thirty split. Either way he’s a fishy bastard.

0 comentários: