"Quem derrubou João Saldanha", por Carlos Ferreira Vilarinho

terça-feira, abril 30, 2013 Sidney Puterman

Vilarinho, em sua aula master, nos descortina a mais minuciosa e jamais escrita abordagem de um período futebolístico. Ele nos traz o João Sem Medo e sem diploma, o maior de todos os tempos, para dentro da nossa sala, com seu time de feras. Sua coragem nos inunda de civismo e de paixão. Passeando pelos intensos e patéticos anos finais da década de 60, a obra escala os craques, desnuda os podres e expõe a saraivada de ataques e de críticas que Saldanha recebeu, por afrontar os currais cativos de clubes, treinadores e veículos de comunicação. Exibe as contradições da crônica esportiva (que não diferem em nada do dias atuais), o jogo político dos bastidores e as idiossincrasias de uma nação de oportunistas. A politicagem que trouxe o gaúcho da fronteira uruguaia para os holofotes e depois puxou seu tapete. Acompanha a preparação, os jogos, as dúvidas, os questionamentos. Cada uma das escalações testadas. Os conflitos internos e as traições. Revela minudências perdidas (como a de que Zagalo era o terceiro nome de uma lista de substituição do “comentarista que o povo consagrou”, pois Yustrich e Dino Sani o antecediam). A pressão unânime, a demissão, a Copa, o pós-Copa. Hoje, décadas se passaram e os bandidos, os escroques e os canastrões ainda são os protagonistas bem remunerados da cena sócio-esportiva brasileira. A esplêndida publicação da Livrosdefutebol.com mergulha no tempo, esmiuça os jornais e relata o dia-a-dia no cargo do mais brilhante, polêmico e ousado cidadão que já envergou o posto de técnico da seleção brasileira de futebol: João Saldanha, uma das estrelas do panteão de campeões do clube da Estrela Solitária, ombro a ombro com Garrincha, Heleno e Nílton Santos. E uma das mais apaixonantes personalidades públicas da história do Brasil. Ave Saldanha.

Livrosdefutebol.com , 250 páginas

Sidney Puterman

Some say he’s half man half fish, others say he’s more of a seventy/thirty split. Either way he’s a fishy bastard.

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