"Quase tudo", por Danuza Leão

quinta-feira, julho 14, 2011 Sidney Puterman

Fútil. Ociosa. Egoísta. Conhecendo o pensamento da autora, esses adjetivos não seriam mentirosos. Mas o pensamento em si é a exposição sincera – ainda que de uma sinceridade premeditada, medida – de um Leonard Zelig (personagem do filme de Woody Allen, que tomava para si as características de quem estivesse ao seu lado, como um camaleão da personalidade alheia) de saias. Que, sem ser mais do que uma ex-modelo jurada de programas de auditório, dormiu com e ao lado de quem fez história na música, na política, no jornalismo e no cinema. Que com menos de 18 anos já tinha vivido ousadias que boa parte das mulheres jamais viverá. Que, como Clementina de Jesus, conheceu o sucesso depois dos 60. Que foi rica e pobre incontáveis vezes. E que, ainda que falte muito em seu livro para que ele justifique o título de quase tudo, nos oferece o suficiente para passear por diversas paisagens brasileiras da segunda metade do século XX. Tendo tempo e interesse, não duvide: ao lado de Danuza Leão, é um passeio prazeiroso. 

Companhia das Letras, 221 pgs

Sidney Puterman

Some say he’s half man half fish, others say he’s more of a seventy/thirty split. Either way he’s a fishy bastard.

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