"O Dilema do Onívoro", por Michael Pollan

quarta-feira, maio 25, 2011 Sidney Puterman


Com uma narrativa persuasiva, o autor disseca o sistema alimentar americano - apoiado na premissa de que o povo de Tio Sam tem no milho seu ingrediente dominante (menos nas formas óbvias e mais por sua presença oculta em refrigerantes, alimentos industrializados e na carne). Fatiando o seu ponto de vista, Pollan dá ao milho o domínio da primeira das três partes em que se divide o livro, fazendo de qualquer leitor atento um neo-especialista na “erva tropical gigante”. Seu texto é bem-humorado e bem fundamentado - e, com isso, plantações e laboratórios para processamento do onipresente milho se nos tornam íntimos. Mesmo quando vamos para o repugnante cenário dos matadouros (não se espante, permanecemos no âmbito do milho: o gado americano hoje não mais pasta, e sim come o milho número 2, um produto de linha inferior), acompanhamos téte-a-téte o novilho que Michael Pollan comprou no nascimento e que é seguido até o suspiro final. O segundo pedaço do livro é dedicado àquilo que falta ao primeiro: pasto natural. Nesse trecho os holofotes estão sobre a Fazenda Polyface, cujo proprietário se auto-intitula um “plantador de capim” e onde, fascinado, o autor busca demonstrar como a indústria inverteu  a lógica natural do processo alimentar, sacrificando a harmonia do ciclo biológico pela produtividade – pois é aí que o milho “atropela” o pasto e, como consequência aos olhos de Michael, a saúde da população. O último prato da obra, dedicado a uma utópica regressão ao primitivismo (onde o autor coleta e caça a sua própria refeição), cansa, sobra e acaba por desandar um tanto um livro bem costurado e defendido. Concorde você ou não com as incisivas idéias de Pollan.

Editora Intrínseca,  479 pgs

Sidney Puterman

Some say he’s half man half fish, others say he’s more of a seventy/thirty split. Either way he’s a fishy bastard.

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