"Pileques", por F. Scott Fitzgerald

quinta-feira, janeiro 28, 2016 Sidney Puterman

A obra lançada pelo selo "Má companhia", da Companhia das Letras, é bem-humorada. Tem seu lugar principalmente entre os que apreciam a elegância de um chiste e são devotos da atmosfera blasé, que tanto caracteriza o mundo etilicamente sofisticado e moralmente deteriorado em que viveu F. Scott Fitzgerald. O autor marcou sua geração e teve grandes sucessos, como "O Grande Gatsby". É um frasista, com uma fleugma auto-depreciativa que invariavelmente nos arranca o sorriso. Li de boa, mas sem vibrar. O livro é assim um apanhadão, que cola textos de Fitzgerald que não têm uns a ver com os outros - me senti meio largado. Seleções de frases, um necrológio prematuro, um hilário caderno de viagens e suas confissões sobre New York estão enfileirados. Fecham a edição algumas cartas curtas. Se o leitor tem tempo e cabeça para abstrair o presente e ir flanar bêbado pela dissolução depressiva de Scott, "Pileques" é boa companhia. O cara foi bom. Mas não tenho como não dizer que aquele mundo dele não existe mais. E não é importante agora.

Companhia das Letras, 105 páginas

PS: Eu também tiro onda. Na foto, inicio a leitura deste apanhado de Scott Fitzgerald no Fort Tryon Park, Upper Manhattan, quando passei a manhã no The Cloisters. Antes da fundação de New York, o local se chamava Chquaesgeck e era ocupado pelos lenapes. Neste dia aí, quem ocupou fui eu. Na moral.

Sidney Puterman

Some say he’s half man half fish, others say he’s more of a seventy/thirty split. Either way he’s a fishy bastard.

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