"A perfeição não existe", por Tostão

sábado, março 23, 2013 Sidney Puterman


Tostão pratica uma prosa pra lá de poética. Prima pela delicadeza, pelas frases curtas e pelos contrapontos. Seus parágrafos são magros; ricos de conteúdo. Craque, médico e psicólogo, sua visão polivalente busca observar os diversos lados de cada plano. Tostão jogou muita bola e mistura modéstia com discernimento: destaque da imortal seleção tricampeã de 70, afirma que Romário tinha lugar cativo naquele time – no lugar dele, Tusta. Será? O dr. Eduardo foi um craque altruísta e peça fundamental no time de feras. Hoje, ler suas crônicas é assaz prazeiroso; mas, por força da pontualidade dos temas, raramente o lugar das crônicas é dentro de um livro. Crônicas são escritas para os jornais. São pães deliciosos; se fresquinhos, insuperáveis; se de anteontem, chochos. É que os assuntos, datados, perdem a sedução. Passada a especulação inteligente, a verdade lisa e ultrapassada desmente as mais saborosas previsões. Mesmo que, criterioso, tenha selecionado as suas colunas mais atemporais, elas não traem a sua verdadeira vocação: a leitura diária. Tostão é bom. Suas crônicas são boas. Já o livro é dispensável. Pode pular.

Três Estrelas, 280 páginas

Sidney Puterman

Some say he’s half man half fish, others say he’s more of a seventy/thirty split. Either way he’s a fishy bastard.

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