"Bucaneiros da América", por John Esquemeling

sexta-feira, julho 06, 2012 Sidney Puterman


Atrocidades, ardis militares e antropologia. É disso que trata o livro. Que, nisso, é bom. Ainda que fragmentado – mas o que se pode esperar de escritos de piratas do século XVII?  Já é suficiente que alguns deles fossem alfabetizados e tivessem apego ao registro histórico. A costura de relatos apresentada nesse livro é, naturalmente, desigual; fosse de outra forma, seria menos verossímil. Os comandantes piratas apresentados se assemelham aos chefes do tráfico e de mílicias de hoje em dia. Criminosos inteligentes, com capacidade de liderança e de associação, frios, cruéis e inescrupulosos. As barbaridades que eles perpetravam eram dignas da época; as torturas, inomináveis (tanto, que não citarei uma sequer). A rotina era o roubo, o estupro e o incêndio. O destemor com que lidavam com os riscos e a engenhosidade com que armavam suas estratégias de assalto são, decerto, o conteúdo mais relevante. A descrição de lugares, costumes e indígenas , com o sabor da visão do viajante profissional do período, também tem seu valor. E, entre outras curiosidades, descobri que a expressão “bucaneiro”, não provém de nada marítimo ou ilegal – eram simplesmente os piratas franceses que tinham por hábito assar a carne de javali em fogo de chão, o “boucan”. Ou seja, “bucaneiro” era quem fazia churrasco de porco no buraco. Morria e não sabia dessa.

Artes e Ofícios, 342 páginas

Sidney Puterman

Some say he’s half man half fish, others say he’s more of a seventy/thirty split. Either way he’s a fishy bastard.

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