"A saúde pública no Rio de Dom João", por Manoel Vieira da Silva e Domingos Ribeiro dos Guimarães Peixoto

sábado, outubro 15, 2011 Sidney Puterman


De um livro que se dedica a reproduzir textos históricos espera-se comentários e complementos que façam dos referidos textos o bom recheio de um sanduíche refinado. Surpreende quando o recheio é quase que a crosta – e quando o bônus é periférico ao prato principal. Os dois textos que compõem a obra são reproduções de dois escritos históricos, cujos autores são médicos, com análises e recomendações sobre a saúde dos cariocas no início do século XIX. São textos curiosos, demasiado reverenciais e verborrágicos, que misturam sandices ao bom senso (se por um lado condenam que se coma peixe, que se beba chá e que se tome banho quente, por outro defendem o aleitamento materno; se denominam a cinematográfica cadeia de montanhas que circunda a cidade do Rio de “horrorosa”, abominam os cemitérios nos hospitais e nas igrejas). Prolixos e evasivos, com erros e acertos, os textos ficariam melhores se circunstanciados, com estudos paralelos e comentários. Do jeito que estão, não obstante as bonitas ilustrações de época e o cuidado da arte-final, são um amontoado preguiçoso de boas intenções. Sob uma ótica mais rigorosa sobre quem os editou, os poria na rubrica de um engodo classudo. Fica bem, soa bem, parece bem. Mas não se engane. É oco.

Editora Senac Rio, 118 pgs

Sidney Puterman

Some say he’s half man half fish, others say he’s more of a seventy/thirty split. Either way he’s a fishy bastard.

0 comentários: